Juliana Pitta é uma das autoras da The King. Natural do Rio de Janeiro,
formou-se em Artes Plásticas pela EBA da UFRJ em dois mil e oito. Na faculdade,
desenvolvia suas pesquisas baseando-se no cinema de horror e no que diz
respeito às manifestações folclóricas do Candomblé, Umbanda e Quimbanda. Na
escrita, tem como influência Lovecraft, King e pulp fictions. Porém, a maior de
todas as influências de Pitta é tudo que provoque medo. Muito medo. Contato com
a autora (j.pitta@yahoo.com.br).
1.
Juliana Pitta, como você e a literatura
se conheceram?
Quando nasci, acho. Meus pais
sempre foram amantes dos livros. Na infância, meu passatempo favorito era mexer
nas caixas onde guardávamos os livros que ficavam ali por falta de espaço nas
estantes (afinal, os expostos eu já conhecia bem). Aprendi a ler e escrever
muito cedo, aos quatro anos e meio. Logo, a literatura sempre fez parte da
minha vida.
2.
Por que a profissão de escritor lhe
interessou?
Na verdade, eu sou artista
plástica! Não escolhi a literatura, ela que me escolheu. Me formei em
licenciatura em artes plásticas pela Escola de Belas Artes da UFRJ em 2008 e,
durante o curso, sempre que possível, minhas pesquisas eram baseadas no terror.
A paixão pelo cinema de horror é outra herança de família. Então, na faculdade,
eu pesquisava a estética desses filmes, as filosofias sócio-políticas, etc.
Quando surgia a questão folclórica, as pesquisas iam para o lado religioso do
brasileiro: a “macumba”, o Candomblé e a Umbanda. Isso tudo foi formando a
minha característica literária.
3.
Por que participar de uma antologia?
Há (poucos) anos, escrevo para
entreter os amigos. Contos de terror têm sido aguardados pelos mais próximos –
ou nem tão próximos já que, sempre que termino um, passo para sete amigos das
redes sociais lerem. Anuncio que terminei e, os sete primeiros a manifestarem o
desejo de ler o conto, o recebem. Quando a antologia The King foi anunciada, um
colega de faculdade, ilustrador de livros em contato com o mercado editorial há
mais tempo, me avisou. Li o regulamento e resolvi arriscar. Gostei da ideia da
antologia, que tanto me lembra os antigos livros de contos lançados contendo
vários autores.
4.
Fale um pouco sobre a The King?
É uma antologia onde tivemos como
inspiração o “pai” do terror contemporâneo, Stephen King. Acho que todos nós,
de certa forma, nos inspiramos nele. Alguns preferem Poe ou Lovecraft, mas
todos nós lemos King e nos impressionamos com sua mente, muitas vezes, doentia.
Alguns tiveram o primeiro contato com sua obra através do cinema, mas,
invariavelmente, temos sua literatura como uma moderna fonte de inspiração.
A antologia The King levará ao
leitor uma nova safra de escritores de terror, um gênero que tem público
consumidor, mas ainda é um pouco ignorado pelo mercado.
5.
Como você define o processo que envolve
a compilação de uma antologia?
Imagino que os editores leram
muitas estórias, e tiveram que excluir muitas verdadeiramente boas. Também
acredito que, em mais alguns anos, outros escritores podem ter amadurecido a
ponto de serem escolhidos e publicados – qualquer arte, seja a visual, a
escrita, a música – depende de amadurecimento. Porém, acredito que receber os
contos, ler e selecionar é só parte de um longo processo.
6.
Como você vê o mercado editorial
brasileiro para os novos autores?
Admito que estou meio por fora, já
que sou “novata” no meio. Mas acredito que equivalha ao mercado artístico:
encontrar uma galeria disposta a apoiar e divulgar o artista torna-se cada vez
mais difícil, o que provoca a desistência de muitos. Meu primeiro contato com o
mercado editorial está sendo bem interessante e amistoso, espero que seja mais
ou menos como costuma funcionar mesmo fora da Multifoco Editora.
7.
Em sua opinião, é possível viver de
literatura no Brasil?
Possível é, mas o caminho deve ser
longo e doloroso.
8.
De que maneira a internet atua em sua
vida de escritor?
A internet nos permite, em qualquer
área, fazer pesquisas rápidas. Nos dá informações de lugares, situações e
épocas sem precisarmos ir muito longe. Porém, são informações que precisam ser
verificadas. Qualquer um publica qualquer coisa na internet, então, não pode
ser a única fonte de pesquisa.
9.
Qual a influência de Stephen King em sua
literatura?
Principalmente, a influência é o
limite, ou a falta dele. Em sua obra, Stephen King rompe qualquer tabu, como
quando “mata” crianças em suas estórias ou as torna psicopatas. King não poupa
ninguém. E eu gosto dele ter aberto este portal. Assim como ele, gosto de
escrever sobre meus próprios medos; é uma forma de enfrentá-los.
10.
Para encerrar: quais teus planos daqui
pra frente? Já tem um livro na manga, projetos, publicações?
Pois bem, sendo artista plástica,
estou em processo de produção para ser entregue a uma galeria. Visualmente, meu
trabalho tem tratado de morte e transição para outros mundos. Quanto à escrita,
estou pesquisando e entrevistando pessoas para um livro que contará as estórias
que acontecem (pelo menos em teoria) com os funcionários de cemitérios. Por que
não tratar o terror em sua forma mais palpável? Se tais pessoas acreditam ter
visto e vivenciado tais experiência, escreverei sobre elas.
Entrevista realizada
pela Editora Multifoco – Unidade Sul
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