quinta-feira, 25 de julho de 2013

Entrevista com os autores da The King (21): Juliana Pitta



Juliana Pitta é uma das autoras da The King. Natural do Rio de Janeiro, formou-se em Artes Plásticas pela EBA da UFRJ em dois mil e oito. Na faculdade, desenvolvia suas pesquisas baseando-se no cinema de horror e no que diz respeito às manifestações folclóricas do Candomblé, Umbanda e Quimbanda. Na escrita, tem como influência Lovecraft, King e pulp fictions. Porém, a maior de todas as influências de Pitta é tudo que provoque medo. Muito medo. Contato com a autora (j.pitta@yahoo.com.br).

1.      Juliana Pitta, como você e a literatura se conheceram?
Quando nasci, acho. Meus pais sempre foram amantes dos livros. Na infância, meu passatempo favorito era mexer nas caixas onde guardávamos os livros que ficavam ali por falta de espaço nas estantes (afinal, os expostos eu já conhecia bem). Aprendi a ler e escrever muito cedo, aos quatro anos e meio. Logo, a literatura sempre fez parte da minha vida.

2.      Por que a profissão de escritor lhe interessou?
Na verdade, eu sou artista plástica! Não escolhi a literatura, ela que me escolheu. Me formei em licenciatura em artes plásticas pela Escola de Belas Artes da UFRJ em 2008 e, durante o curso, sempre que possível, minhas pesquisas eram baseadas no terror. A paixão pelo cinema de horror é outra herança de família. Então, na faculdade, eu pesquisava a estética desses filmes, as filosofias sócio-políticas, etc. Quando surgia a questão folclórica, as pesquisas iam para o lado religioso do brasileiro: a “macumba”, o Candomblé e a Umbanda. Isso tudo foi formando a minha característica literária.

3.      Por que participar de uma antologia?
Há (poucos) anos, escrevo para entreter os amigos. Contos de terror têm sido aguardados pelos mais próximos – ou nem tão próximos já que, sempre que termino um, passo para sete amigos das redes sociais lerem. Anuncio que terminei e, os sete primeiros a manifestarem o desejo de ler o conto, o recebem. Quando a antologia The King foi anunciada, um colega de faculdade, ilustrador de livros em contato com o mercado editorial há mais tempo, me avisou. Li o regulamento e resolvi arriscar. Gostei da ideia da antologia, que tanto me lembra os antigos livros de contos lançados contendo vários autores.

4.      Fale um pouco sobre a The King?
É uma antologia onde tivemos como inspiração o “pai” do terror contemporâneo, Stephen King. Acho que todos nós, de certa forma, nos inspiramos nele. Alguns preferem Poe ou Lovecraft, mas todos nós lemos King e nos impressionamos com sua mente, muitas vezes, doentia. Alguns tiveram o primeiro contato com sua obra através do cinema, mas, invariavelmente, temos sua literatura como uma moderna fonte de inspiração.

A antologia The King levará ao leitor uma nova safra de escritores de terror, um gênero que tem público consumidor, mas ainda é um pouco ignorado pelo mercado.
5.      Como você define o processo que envolve a compilação de uma antologia?
Imagino que os editores leram muitas estórias, e tiveram que excluir muitas verdadeiramente boas. Também acredito que, em mais alguns anos, outros escritores podem ter amadurecido a ponto de serem escolhidos e publicados – qualquer arte, seja a visual, a escrita, a música – depende de amadurecimento. Porém, acredito que receber os contos, ler e selecionar é só parte de um longo processo.

6.      Como você vê o mercado editorial brasileiro para os novos autores?
Admito que estou meio por fora, já que sou “novata” no meio. Mas acredito que equivalha ao mercado artístico: encontrar uma galeria disposta a apoiar e divulgar o artista torna-se cada vez mais difícil, o que provoca a desistência de muitos. Meu primeiro contato com o mercado editorial está sendo bem interessante e amistoso, espero que seja mais ou menos como costuma funcionar mesmo fora da Multifoco Editora.

7.      Em sua opinião, é possível viver de literatura no Brasil?
Possível é, mas o caminho deve ser longo e doloroso.

8.      De que maneira a internet atua em sua vida de escritor?
A internet nos permite, em qualquer área, fazer pesquisas rápidas. Nos dá informações de lugares, situações e épocas sem precisarmos ir muito longe. Porém, são informações que precisam ser verificadas. Qualquer um publica qualquer coisa na internet, então, não pode ser a única fonte de pesquisa.

9.      Qual a influência de Stephen King em sua literatura?
Principalmente, a influência é o limite, ou a falta dele. Em sua obra, Stephen King rompe qualquer tabu, como quando “mata” crianças em suas estórias ou as torna psicopatas. King não poupa ninguém. E eu gosto dele ter aberto este portal. Assim como ele, gosto de escrever sobre meus próprios medos; é uma forma de enfrentá-los.

10.  Para encerrar: quais teus planos daqui pra frente? Já tem um livro na manga, projetos, publicações?
Pois bem, sendo artista plástica, estou em processo de produção para ser entregue a uma galeria. Visualmente, meu trabalho tem tratado de morte e transição para outros mundos. Quanto à escrita, estou pesquisando e entrevistando pessoas para um livro que contará as estórias que acontecem (pelo menos em teoria) com os funcionários de cemitérios. Por que não tratar o terror em sua forma mais palpável? Se tais pessoas acreditam ter visto e vivenciado tais experiência, escreverei sobre elas.


Entrevista realizada pela Editora Multifoco – Unidade Sul

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