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Jana, como você e a literatura se conheceram?
Eu devia ter uns
cinco ou seis anos. Fui apresentada para a literatura pela Turma da Mônica, e
gostei dela de cara. Desde então, não larguei mais do seu pé.
Por que a profissão de
escritor lhe interessou?
Acredito que o mais
próximo que podemos chegar da verdadeira liberdade é quando escrevemos. A
literatura permite ao escritor ser o que quiser, quando quiser, do jeito que
quiser, sem que infrinja nenhuma lei ou regra. Nada é ilegal ou imoral quando
escrevemos.
E em um mundo onde estamos
cada vez mais presos – seja em nossas casas, em nossos compromissos de
trabalho, em nossos problemas pessoais – a literatura oferece uma espécie de
‘terra prometida’ para quem se arrisca a, além de ler, escrever.
Escrever é uma forma
de se libertar, e tudo o que está ligado à liberdade me interessa.
Por que participar de uma
antologia?
Eu adoro antologias.
Se não fossem as antologias, possivelmente hoje eu não teria dois livros
publicados, e nem estaria trabalhando no meio editorial.
Comecei publicando
em coletâneas junto com outros escritores e, graças a estas participações,
conheci pessoas incríveis, divulguei meu trabalho, vi portas se abrirem com
maior facilidade.
Participações em
coletâneas são uma espécie de escola para todos que se pretendem escritores.
Fale um pouco sobre a The
King?
Primeiramente é uma
coletânea – e eu adoro coletâneas; organizada por dois escritores, Afobório e
Jeremias Soares, que eu admiro pra caramba; e ainda por cima é sobre o Stephen
King, que é o cara.
Quer dizer: maior
orgulho participar deste projeto.
Como você define o processo
que envolve a compilação de uma antologia?
Como disse, a
participação em uma coletânea é uma escola para o novo autor.
Considero de suma
importância para que o autor possa compreender, de fato, como se desenvolve o
processo de produção, edição e publicação de um livro.
Penso que, antes de
lançar seu livro solo, todo escritor deveria participar de uma publicação junto
com outros escritores, a título de aprendizado.
Você aprende e você
divulga seu trabalho. Só tem prós; nenhum contra.
Como você vê o mercado
editorial brasileiro para os novos autores?
Está longe do ideal,
mas já melhorou muito.
Quando eu tentei
lançar meu primeiro livro, lá pelos idos de 2005, 2006, não havia nenhuma porta
aberta para o novo autor. Ou você publicava através de um grande selo (e, assim
como hoje, os grandes selos não querem nem saber de autores ainda desconhecidos),
ou você pagava uma fortuna para publicar seu livro através de uma editora sob demanda
ou de uma gráfica.
Logo, se o autor não
tivesse grana ou bons contatos, estava fora.
Hoje não. O mercado
editorial brasileiro oferece diversas oportunidades e possibilidades ao novo
autor, para lançar desde tiragens altas até tiragens muito pequenas. E em
alguns casos, sem pagar nada.
Como disse, temos
muito que melhorar, e estamos melhorando. Mas negar os avanços que a nova
literatura brasileira conquistou nos últimos anos é impossível.
Em sua opinião, é possível
viver de literatura no Brasil?
Sim, é. Eu vivo de
literatura. Porém, não vivo somente da venda de meus livros, é claro. Eu
trabalho em uma editora e em uma agência que atua na divulgação do novo autor
(a Teia: www.marketingliterario.blog.br).
Já trabalhei como revisora também. São ramificações da literatura, que me
permitem trabalhar, pagar as contas e viver com um pouco de dignidade
trabalhando na área.
De maneira constante
e imprescindível. Utilizo a internet para absolutamente tudo o que envolve o
meu trabalho, seja enquanto editora, enquanto escritora e enquanto redatora na
Teia.
Conheci minha
editora e meu editor através da internet, consegui participar de coletâneas
através da internet, publico meus textos na internet e, sem ela, certamente
estaria infeliz trabalhando em um cartório hoje em dia.
A internet deixou o
mundo pequeno. Se, antes, para conquistar seu espaço enquanto escritor, você
precisava obrigatoriamente viver em grandes centros (como Porto Alegre ou São
Paulo), a internet derrubou estas barreiras e encurtou os espaços.
Hoje, você pode
viver em Caximbinhas do Girassol que, se tiver um computador conectado à
internet, continuará em Caximbinhas do Girassol; mas estará também no mundo.
Todo escritor, se
souber aproveitar de maneira inteligente e efetiva a internet, possui em suas
mãos uma ferramenta única, que merece e precisa ser usada para a produção e
divulgação de seu trabalho.
Qual a influência de Stephen
King em sua literatura?
Stephen King é
gênio, e fim.
É impressionante sua
capacidade de nos colocar exatamente na situação que elaborou, e nos fazer
sentir como é estar nesta condição.
Enquanto escritor, é
alguém de um talento indiscutível, com uma habilidade rara de envolver o leitor
de tal forma, que o torna quase um prisioneiro.
Sua influência em
minha obra é justamente esta: procuro sempre este envolvimento com o leitor;
procuro amarrá-lo e deixá-lo ‘preso’ na história. Claro que não o faço com a mesma
competência de Stephen King – e está longe de mim esta pretensão. Mas tento, e
isso somente acrescenta em minha obra.
Para encerrar: quais teus
planos daqui pra frente? Já tem um livro na manga, projetos, publicações?
Este ano lancei meu
segundo livro, O Túmulo do Ladrão (Ed.
Multifoco, R$22), e ainda estou trabalhando em sua divulgação e em seus
lançamentos.
Também estou
envolvida em um projeto incrível chamado Nascedouro,
de incentivo à leitura e à literatura, que percorre escolas estaduais e
municipais, além de ONGs e instituições voltadas ao menor carente, oferecendo
oficinas e palestras sobre literatura. É um projeto sensacional, que só tem me
trazido alegrias.
Entrevista realizada pela Editora
Multifoco – Unidade Sul
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