sábado, 20 de julho de 2013

Entrevista com os autores da The King (17): Jana Lauxen


Jana Lauxen é escritora, autora dos livros Uma Carta por Benjamin (Ed. Multifoco, 2009) e O Túmulo do Ladrão (Ed. Multifoco, 2013). Colunista da revista Café Espacial, publicou pela Mojo Books a historieta Pela Honra de Meu Pai. Publicou em mais de quinze coletâneas, e organizou seis em parceria com outros escritores. Foi editora da versão brasileira da revista eletrônica inglesa 3:AM Magazine, e também uma das idealizadoras do projeto E-Blogue.com (in memoriam). Atualmente trabalha na Editora Multifoco e é redatora na agência Teia de Marketing Literário Virtual.
E-mail para contato: multifoco.jana@gmail.com

Jana, como você e a literatura se conheceram?
Eu devia ter uns cinco ou seis anos. Fui apresentada para a literatura pela Turma da Mônica, e gostei dela de cara. Desde então, não larguei mais do seu pé.

Por que a profissão de escritor lhe interessou?
Acredito que o mais próximo que podemos chegar da verdadeira liberdade é quando escrevemos. A literatura permite ao escritor ser o que quiser, quando quiser, do jeito que quiser, sem que infrinja nenhuma lei ou regra. Nada é ilegal ou imoral quando escrevemos.
E em um mundo onde estamos cada vez mais presos – seja em nossas casas, em nossos compromissos de trabalho, em nossos problemas pessoais – a literatura oferece uma espécie de ‘terra prometida’ para quem se arrisca a, além de ler, escrever.
Escrever é uma forma de se libertar, e tudo o que está ligado à liberdade me interessa.

Por que participar de uma antologia?
Eu adoro antologias. Se não fossem as antologias, possivelmente hoje eu não teria dois livros publicados, e nem estaria trabalhando no meio editorial.
Comecei publicando em coletâneas junto com outros escritores e, graças a estas participações, conheci pessoas incríveis, divulguei meu trabalho, vi portas se abrirem com maior facilidade.
Participações em coletâneas são uma espécie de escola para todos que se pretendem escritores.

Fale um pouco sobre a The King?
Primeiramente é uma coletânea – e eu adoro coletâneas; organizada por dois escritores, Afobório e Jeremias Soares, que eu admiro pra caramba; e ainda por cima é sobre o Stephen King, que é o cara.
Quer dizer: maior orgulho participar deste projeto.

Como você define o processo que envolve a compilação de uma antologia?
Como disse, a participação em uma coletânea é uma escola para o novo autor.
Considero de suma importância para que o autor possa compreender, de fato, como se desenvolve o processo de produção, edição e publicação de um livro.
Penso que, antes de lançar seu livro solo, todo escritor deveria participar de uma publicação junto com outros escritores, a título de aprendizado.
Você aprende e você divulga seu trabalho. Só tem prós; nenhum contra.

Como você vê o mercado editorial brasileiro para os novos autores?
Está longe do ideal, mas já melhorou muito.
Quando eu tentei lançar meu primeiro livro, lá pelos idos de 2005, 2006, não havia nenhuma porta aberta para o novo autor. Ou você publicava através de um grande selo (e, assim como hoje, os grandes selos não querem nem saber de autores ainda desconhecidos), ou você pagava uma fortuna para publicar seu livro através de uma editora sob demanda ou de uma gráfica.
Logo, se o autor não tivesse grana ou bons contatos, estava fora.
Hoje não. O mercado editorial brasileiro oferece diversas oportunidades e possibilidades ao novo autor, para lançar desde tiragens altas até tiragens muito pequenas. E em alguns casos, sem pagar nada.
Como disse, temos muito que melhorar, e estamos melhorando. Mas negar os avanços que a nova literatura brasileira conquistou nos últimos anos é impossível.

Em sua opinião, é possível viver de literatura no Brasil?
Sim, é. Eu vivo de literatura. Porém, não vivo somente da venda de meus livros, é claro. Eu trabalho em uma editora e em uma agência que atua na divulgação do novo autor (a Teia: www.marketingliterario.blog.br). Já trabalhei como revisora também. São ramificações da literatura, que me permitem trabalhar, pagar as contas e viver com um pouco de dignidade trabalhando na área.

De que maneira a internet atua em sua vida de escritor?
De maneira constante e imprescindível. Utilizo a internet para absolutamente tudo o que envolve o meu trabalho, seja enquanto editora, enquanto escritora e enquanto redatora na Teia.
Conheci minha editora e meu editor através da internet, consegui participar de coletâneas através da internet, publico meus textos na internet e, sem ela, certamente estaria infeliz trabalhando em um cartório hoje em dia.
A internet deixou o mundo pequeno. Se, antes, para conquistar seu espaço enquanto escritor, você precisava obrigatoriamente viver em grandes centros (como Porto Alegre ou São Paulo), a internet derrubou estas barreiras e encurtou os espaços.
Hoje, você pode viver em Caximbinhas do Girassol que, se tiver um computador conectado à internet, continuará em Caximbinhas do Girassol; mas estará também no mundo.
Todo escritor, se souber aproveitar de maneira inteligente e efetiva a internet, possui em suas mãos uma ferramenta única, que merece e precisa ser usada para a produção e divulgação de seu trabalho.

Qual a influência de Stephen King em sua literatura?
Stephen King é gênio, e fim.
É impressionante sua capacidade de nos colocar exatamente na situação que elaborou, e nos fazer sentir como é estar nesta condição.
Enquanto escritor, é alguém de um talento indiscutível, com uma habilidade rara de envolver o leitor de tal forma, que o torna quase um prisioneiro.
Sua influência em minha obra é justamente esta: procuro sempre este envolvimento com o leitor; procuro amarrá-lo e deixá-lo ‘preso’ na história. Claro que não o faço com a mesma competência de Stephen King – e está longe de mim esta pretensão. Mas tento, e isso somente acrescenta em minha obra.

Para encerrar: quais teus planos daqui pra frente? Já tem um livro na manga, projetos, publicações?
Este ano lancei meu segundo livro, O Túmulo do Ladrão (Ed. Multifoco, R$22), e ainda estou trabalhando em sua divulgação e em seus lançamentos.
Também estou envolvida em um projeto incrível chamado Nascedouro, de incentivo à leitura e à literatura, que percorre escolas estaduais e municipais, além de ONGs e instituições voltadas ao menor carente, oferecendo oficinas e palestras sobre literatura. É um projeto sensacional, que só tem me trazido alegrias.
Entrevista realizada pela Editora Multifoco – Unidade Sul


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