Jeremias
Soares é organizador e um dos autores da The
King. Lançou pela Editora Multifoco em dois mil e doze, o livro O Sobrado
da Rua Velha, onde iniciou a sua ainda recente carreira de escritor. Participou
das antologias: Colorados — Nada Vai Nos Separar e Contos Medonhos. Tem vinte e
nove anos e mora na cidade de Canoas/RS. Mantém o blog (www.jeremiassoares.blogspot.com.br).
Contato com o autor pelo e-mail (jeremias.soares@outlook.com).
1.
Jeremias,
como você e a literatura se conheceram?
Quando
criança, desenhava gibis e lia centenas de revistas. Lá pelos dezessete anos,
descobri O Cemitério, de Stephen
King. Foi paixão à primeira vista. Comecei a devorar todos os livros dele, e
jamais vou esquecer a sensação que sentia ao fazer isso. Como curtia escrever
redações na época e tinha a cabeça sempre pensando em alguma história, deduzi
que poderia me aventurar nesta arte. Escrevo desde os dezoito, porém, a
primeira coisa aceitável que criei foi meu primeiro livro: O Sobrado da Rua Velha.
2.
Por que
a profissão de escritor lhe interessou?
Porque
escrever é, acima de tudo, um prazer. Você se diverte criando estórias,
personagens, montando textos, etc. Não sou um escritor profissional. Estou
longe disso ainda. Mas a possibilidade de fazer isso virar uma profissão é
fascinante.
3.
Por que
participar de uma antologia?
Antologia
é a melhor maneira de você mostrar o seu trabalho e abrir portas no mercado
literário. Publicar um livro solo demanda investimento financeiro e detalhes um
tanto complexos para um iniciante. A realidade no Brasil para novos autores não
é animadora, no entanto, coletâneas de contos podem ser uma boa opção para quem
deseja dar um primeiro passo.
4.
Fale um
pouco sobre a The King?
Embora seja
mais uma antologia com contos de terror, eu a considerei emblemática desde a
sua concepção. E ela é mesmo, começando pelo título. A ideia de homenagear King
é tão forte que a quantidade e qualidade de contos enviados superaram as
expectativas. São poucas as antologias que, planejadas para um volume, viram
dois. The King será marcante para
muita gente, desde autores até leitores. Um divisor de águas. Algo que vai ser
eterno, assim como os trabalhos do Mestre. Os dois volumes serão lidos, relidos
e guardados com carinho. Tenho certeza disso.
5.
Como
você define o processo que envolve a compilação de uma antologia?
Como
co-organizador, eu tenho a chance de participar ativamente de quase todo o
processo. As pessoas não imaginam o quanto é trabalhoso trazer ao mundo uma
antologia (eu também não imaginava antes de receber o convite). São muitas
minúcias. Por mais descontraído que o livro possa parecer, os procedimentos que
o produzem são metódicos e precisos.
6.
Como
você vê o mercado editorial brasileiro para os novos autores?
As
dificuldades dependem do talento e principalmente da dedicação do escritor
aspirante. O novo autor precisa saber que a sua inserção na carreira literária
provavelmente será acompanhada de um investimento financeiro, ainda mais se
quiser publicar um livro solo. Por mais que existam editoras democráticas, o
autor precisa se comprometer de alguma maneira com o seu dinheiro. Também é
necessário saber que o trabalho não chega ao fim quando a última linha é
escrita. O livro não se vende sozinho, portanto, o escritor precisa se dedicar
à venda e à divulgação da sua criação. Como também sou novo autor, ainda estou
descobrindo os caminhos.
7.
Em sua
opinião, é possível viver de literatura no Brasil?
Se
você, além de escritor, trabalhar como revisor ou for colaborador de uma
editora, provavelmente poderá viver de literatura. Mas, se for somente
escritor, creio que as dificuldades serão maiores.
Eu não
consigo escrever sem ter o Google aberto junto com o processador de textos. A
internet não é necessária para desenvolver uma estória, contudo, serve para
enriquecê-la. Depois vem a parte da divulgação. A internet, neste aspecto, é
ainda mais essencial.
9.
Qual a
influência de Stephen King em sua literatura?
Total!
Eu comecei a escrever graças aos livros dele! Stephen King me fez descobrir o
quanto os livros podem despertar emoções intensas. No entanto, tem uma parte da
sua influência que não é muito positiva para mim. Eu tendo a inflar as minhas
estórias, assim como o Mestre. Mas o problema é que eu não tenho nem 1% do seu
talento (risos). Outro problema: se você for escrever um “livrão”, terá que
realizar um investimento financeiro ainda maior para produzi-lo.
10. Para encerrar: quais teus planos daqui pra
frente? Já tem um livro na manga, projetos, publicações?
Além de trabalhar a divulgação
do meu primeiro livro solo – O Sobrado da
Rua Velha –, submeti o meu segundo a um projeto literário da cidade onde
moro. Se for aprovado, poderá ser produzido em breve. Chama-se A Mão de Celina e é uma história que
mistura drama, romance e suspense sobrenatural. Ideias para um terceiro livro
estão sendo amadurecidas.
Entrevista realizada pela
Editora Multifoco – Unidade Sul
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